terça-feira, 17 de julho de 2012

MAIS TEMPO NA ESCOLA






Ampliar a jornada escolar pressupõe explorar novos espaços de aprendizagem e integrar as disciplinas regulares ás atividades realizadas no contraturno. Na região metropolitana de Belo Horizonte, MG, uma escola municipal mostra como têm enfrentado esses desafios.
Quando foi implantado o horário integral na escola Municipal Professora Ana Guedes Vieira, em Contagem, MG, Muitos alunos e seus familiares pensavam que o contraturno era apenas para brincadeiras. A professora Wanessa Menezes de Souza conta que só depois de muitas conversas e da criação do blog, a comunidade escolar passou a entender a proposta e a se orgulhar da educação oferecida a crianças e jovens. “Nossos alunos adoram navegar na internet e se orgulham ao ver no blog as fotos e os relatórios das atividades realizadas no contraturno. Alguns avisam os colegas de outras escolas que estão na rede”, conta Wanessa.
O horário integral na E.M. Professora Ana Guedes Vieira passou a ser oferecido em 2009, quando a escola aderiu ao programa Mais Educação, do Ministério da Educação, que amplia a jornada escolar. Localizada num bairro considerado de risco social, a escola atende 1.115 alunos do Ensino Fundamental. Cerca de 150 desses estudantes participaram do Programa E, com isso, têm um acréscimo diário de três horas nas atividades escolares.          
Além das disciplinas regulares do currículo, o horário integral inclui almoço, higienização, recreação e a oferta de oficinas de acompanhamento Escolar e letramento, hortas, teatros, jornal, rádio, aulas de flauta doce etc. As oficinas são ministradas por seis oficineiros/ monitores. O trabalho é coordenado pela professora Wanessa.
A implantação do horário integral envolve muitas mudanças na rotina da escola, quebra a organização dos tempos escolares e pode causar um estranhamento. Para Wanessa, esses são desafios que precisam ser enfrentados para que a proposta avance. No início, alguns professores da E.M. Professora Ana Guedes Vieira reclamou da movimentação causada com a presença de estudantes no contra turno. Os oficineiros tiveram dificuldades para se adaptar ao espaço disponível na escola para a realização das atividades propostas. Os pais e os alunos chegaram a pensar que as oficinas eram apenas lúdicas, sem um objetivo pedagógico definido. “Além disso, não conseguíamos promover a integração entre o currículo e o programa”, admite a coordenadora.
Foram necessárias muitas intervenções, encontros e conversas para acertar o passo. Já acostumados á nova rotina na escola, os alunos estão satisfeitos. A aluna Vanessa Barbosa, 12 anos, diz que tomou gosto pelos estudos depois que começou a participar das oficinas. “As aulas de flauta doce são as minhas preferidas. Também gosto de plantar e colher na oficina de horta escolar. Um dia levei almeirão para casa contei para minha mãe que eu mesma tinha plantado. O almoço ficou mais gostoso”, conta.
 Hoje, os trabalhos desenvolvidos no horário integral dialogam com o currículo. Os professores informam á equipe do Programa às dificuldades apresentadas pelos alunos na sala de aula, assim, as oficinas podem ser direcionadas para atender a cada aluno. Marli Dorotéia da Conceição, oficineira de teatro, explica que as datas comemorativas do calendário escolar servem de temas para montagem de peças. “Há textos tão bonitos produzidos nas aulas de português que são usados como roteiro para a montagem de uma peça de teatro”, conta Marli.
O cuidado com o patrimônio da escola e o respeito nas relações pessoais são temas comuns em todas as oficinas. A coordenadora Wanessa explica que as brigas e a depredação das carteiras eram recorrentes na escola. “Por isso, esse tema passou a ser trabalhado nas oficinas”. Na horta escolar, com o oficineiro Onofre Ramos, os alunos aprenderam a importância do cuidado. Orgulhosos dos canteiros repletos de verduras e legumes, eles gostam de mostrar a plantação para os que visitam a escola. Onofre conta que Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) envia periodicamente um agrônomo para dar consultoria em assuntos relativos á horta. Com a assistência  do engenheiro , ‘Seu’ Onofre conseguiu implantar na escola um sistema de captação de água da chuva.
O sistema de irrigação da horta utiliza, além da água da chuva, garrafa PET. A idéia partiu de Isaltina Fernandes, Auxiliar de almoxarifado na escola. Leitora assídua de jornal, ela viu ema reportagem sobre o mecanismo de aspersão com garrafas PET e propôs que o oficineiros fizesse o mesmo na escola.
A equipe do programa agenda um encontro por mês para planejar, refletir  avaliar o trabalho. A coordenadora leva para esses encontros materiais para leitura de acordo com o tema das diferentes oficinas. “Essas é uma forma de investir na formação dos oficineiros que em sua maioria tem até o Ensino Médio”, conta Wanessa.
Os oficineiros são moradores da comunidade que têm experiência na temática da oficina. Eles recebem ema bolsa de R$300,00 por mês para despesas com alimentação e transporte. No ano passado, a E.M. Professora Ana Guedes Vieira recebeu do governo federal uma verba de R$25 mil para cobrir os custos do Programa, referentes á bolsa dos Oficineiros, materiais de consumo e de apoio para as atividades.
Há um empenho na integração das turmas que participam do Programa com as do horário regular. Um exemplo disso foi o que acontece nas aulas de história da professora Conceição Santiago Sette. Ao estudar o movimento de luta pela terra no país, ela levou seus alunos do horário regular para participarem da oficina de horta.
             
MAIS EDUCAÇÃO

Criado em 2007, o programa Mais Educação integra as ações do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). Trata-se de uma ação intersetorial que envolve, além do MEC, o Ministério da Cultura, Esporte, Meio Ambiente, Desenvolvimento Social e Combate á fome, Ciência e Tecnologia, Secretaria Nacional da Juventude, entre outros setores do governo federal. As ações são coordenadas pela Secretaria de Educação Básica (SEB/MEC).
 O Programa visa atender as escolas situadas em região de vulnerabilidade social e que apresentam baixo Índice de desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Inicialmente, o Programa atendeu 1.380 escolas localizadas nas capitais e regiões metropolitanas. Em 2010, cerca de 10 mil escolas nas capitais, regiões metropolitanas e cidades com mais de 163 mil habitantes foram beneficiadas. Para saber mais sobre o Programa Mais Educação, acesse o site goo.gl/neVRm
No Brasil, a concepção de educação integral não é recente. Mestre em educação pela USP, Antonio Sérgio Gonçalves explica que os educadores Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro defendiam não apenas o acesso á educação, como também o aumento progressivo do tempo escolar. Eles foram os idealizadores das primeiras iniciativas de ampliação do horário escolar por meio de atividades relacionadas aos esportes, á artes, á iniciação ao trabalho etc. Teixeira fundou escolas-parque, em 1940, na Bahia. Darcy Ribeiro construiu os centros integrados de educação pública (CIESP), em 1980, no Rio de Janeiro.
Ambas as experiências tiveram vida curta, mas contribuíram para a construção de projetos político-pedagógicos que valorizam o diálogo com a comunidade e para a elaboração de políticas públicas voltadas para a ampliação da jornada escolar.
                 
                
    TEMPO INTEGRAL

A ampliação do tempo escolar não leva, necessariamente, a um melhor rendimento na aprendizagem do aluno. É preciso, antes de tudo, investir na qualidade do ensino que é oferecido. Antonio Sérgio afirma que só haverá benefícios em uma proposta de escola de tempo integral se houver como sustentação uma concepção de educação integral. Para Ana Lucia Ferreira da Silva, professora da faculdade de Educação na Universidade Estadual de Londrina, a ampliação da jornada escolar só se justifica se forem oferecidas aos alunos atividades significativas para a sua formação.
A professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), Ligia Martha Coimbra da Costa Coelho, acredita que, com o tempo ampliado, o rendimento escolar pode aumentar, caso haja na escola um trabalho integrado e compromissado. Ela chama a atenção para algumas situações que considera em desacerto e que ainda são comuns em instituições de ensino que decidem adotar o horário integral: uma delas seria a segmentação turno/contraturno, ou seja, um turno para as disciplinas regulares e outro para as atividades não regulares e outro para as atividades não regulares, como as oficinas. “Isso causa problemas de ordem pedagógica no espaço escolar. O aluno pode desenvolver uma resistência ao horário das aulas regulares em relação ao horário das aulas mais lúdicas, prazerosas”, opina.
Na tentativa de evitar isso, Ligia Martha sugere que o currículo e os horários das aulas sejam pensados de forma a mesclar as atividades, tanto as consideradas regulares, quanto as não regulares. “È mais significativos para o aluno ter uma atividade de matemática, por exemplo, seguida por uma de música e, na sequência, uma de educação física. Ele vai perceber como as atividades complementam sua formação”, propõe.
Outro aspecto que merece atenção nas escolas de tempo integral é a qualificação/formação dos profissionais que trabalham com as atividades paralelas ás disciplinas regulares. A professora Ana Lucia Ferreira da Silva faz uma crítica ao fato de que qualquer pessoa bem intencionada e que apresenta uma proposta de trabalho pode desenvolver uma ação na escola, independentemente da sua formação. “Não sou favorável ao trabalho de voluntário na escola”, diz. Para ela, os profissionais formados é que devem desenvolver as atividades não regulares.

                         UMA NOVA DINÂMICA ESCOLAR

Educação integral é uma concepção que leva em conta uma multiplicidade de conhecimento, e não está necessariamente relacionada ao tempo de permanência na escola. A educadora Ligia Martha explica que se trata de uma formação pautada por diversos saberes, como os científicos, os estéticos, os ético-filosóficos, entre vários outros.
A educação integral requer de toda comunidade escolar uma nova dinâmica. È preciso repensar o planejamento coletivo e incentivar a troca de saberes e experiências entre os professores. “Também exige metodologias mais lúdicas, participativas e inovadoras”, acrescenta Ligia
Ela alerta que isso só se realiza se os profissionais encontrarem tempo para refletir e discutirem sobre a prática pedagógica. “Professores que trabalham em duas ou três escolas diferentes – para aumentar a renda mensal – dificilmente terão condições para isso”, pontua.
 Antonio Sérgio Gonçalves chama a atenção para a necessidade de romper alguns paradigmas, como o que coloca as salas de aula como locais privilegiados para as situações de aprendizagem. “Os espaços externos da escola devem ser aproveitados porque oferecem oportunidades estimulantes e prazerosas ao desenvolvimento de crianças e jovens”, sugere.
   Sendo assim, a escola deve incorporar o conceito de cidade educadora e, a partir daí, pensar num processo educativo que relaciona os saberes escolares aos saberes que circulam nas praças, nos parques, nos museus, nos teatros, nos cinemas, nos clubes etc. A cidade é um território vivo que oferece múltiplas e ricas possibilidades para a educação integral.


Fonte: Revista Presença Pedagógica -V.18. n.103-Jan/Fev. 2012  P: 57- 60.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

segunda-feira, 14 de maio de 2012

ENSINAR, EDUCAR E INSTRUIR... TRÊS NOMES PARA DESIGNAR O MESMO?


 
Ensinar: Instruir sobre: ensinar matemática. Doutrinar: ensinar crianças. Educar. Mostrar, apontar: ensinar o caminho. Escarmentar, castigar: ensinar um atrevido.
Educar: Desenvolver as faculdades físicas, morais e intelectuais de. Instruir. Domesticar, adestrar. Aclimar
Instruir: Ensinar, lecionar, transmitir conhecimentos a. Adestrar: instruir recrutas. Informar: instruir alguém do que se passa. Documentar: papéis que instruem uma petição. Instruir uma causa, colocá-la em estado de ser julgada.
 In Dicionário Prático Ilustrado, Lello & Irmão Editores, 1977


oder-se-á dizer que aquele que fornece,  transmiti qualquer tipo de conteúdos a alguém (conteúdos que poderão ser bastante variados, desde competências e destrezas físicas a conhecimentos teoréticos ou regras de comportamento social) está ensinando?  Então, para que servirão as palavras educar e instruir? Ora bem, em minha opinião existe uma grande confusão entre estas três palavras, tal como atesta a definição das mesmas que eu retirei de um dicionário. Neste é usado, para definir a palavra ensinar, a palavra instruir; para definir a palavra instruir, é usada a palavra ensinar. E para definir educar, é usada mais uma vez a palavra instruir. Em que é que ficamos afinal? Poderemos então dizer que sempre que estamos transmitindo uma informação, qualquer que seja o conteúdo da mesma, estamos instuindo? Ou pelo contrário, estaremos ensinando? Se calhar, vendo bem, devemos estar é a educar. Ora bem, vamos lá pôr os pingos nos is: nem todas as ações que consistem em transmitir um conteúdo (seja ele um conteúdo teórico, um comportamento social ou uma destreza corporal) serão por certo ensino, tal como não serão todas instrução, e muito menos educação. Portanto, considero deveras importante que se tente clarificar, e de uma vez por todas, os diferentes sentidos destas três palavras.
(...) Ora bem, comecemos então pela palavra ensinar. O que poderemos nós considerar por ensinar? Bem, quando se fala em ensinar, vem-nos logo à cabeça a escola, o professor ensinando aos alunos como se lê, ensinando a fazer contas, (...) e por aí fora. Ora bem, e o que é que se aprende na escola? Em princípio serão os conteúdos programáticos, os saberes temáticos e teoréticos, dos quais constam a Matemática, a Língua Portuguesa, a História, e por aí fora. 
ssim sendo, quais serão as principais figuras desta interação? O aluno e o professor, decerto. Quando afirmo aluno e professor, não quero que se fique com a sensação que o ensino apenas se dá entre aluno e professor. Um pai pode muito bem ensinar ao seu filho de cinco ou seis anos como se fazem contas de somar, e isso não o intitula com o grau de professor. Mas o que gostaria de salientar aqui é que o que se ensina são saberes teoréticos, e é isso que distingue o ensinar das outras atividades acima mencionadas, o educar e o instruir. Assim sendo, o local privilegiado onde se dá este ensino será a escola. 
o que quererá dizer a palavra educar? Mais uma vez, quando pensamos nesta palavra, uma outra figura vem-nos à cabeça. E essa figura não será muito diferente da que eu imaginei: um pai a dar um "chingão" no filho, por este se ter portado mal. Assim sendo, quais serão os conteúdos da educação? Por certo serão os valores, regras de conduta, normas, atitudes, costumes e comportamentos sociais. E quem serão as figuras de tal processo? Por um lado, quem está aprendendo, o educado. Por outro, quem educa. Esta atividade não decorre num lugar tão restrito como aquele inerente ao ensinar. A educação vai-se efetuando no nosso quotidiano, nos locais mais recônditos pelos quais nós passamos. Estamos educando (e a sendo educados, entenda-se...) em casa, na rua, ao ver televisão e a ouvir rádio, a ouvir o "chingão" do dono da loja por não termos respeitado a vez de sermos atendidos, e por aí fora. Assim, tal como esta educação pode tomar lugar nos lugares mais variados, também os responsáveis pela mesma são muito variados. Tal como os pais e os familiares são responsáveis pela educação (talvez em maior grau, é certo), também a televisão, o vizinho do lado, o amigo ou o empregado de balcão estão permanentemente educando quem com eles interagem.

or fim, vem a instrução/iniciação. Talvez seja esta a categoria que mais dúvidas poderá levantar para o leitor desprevenido. Ora bem, pensemos mais uma vez numa imagem para a ação de instruir. Dificuldades? Eu ajudo. Pensemos num instrutor da condução dando a respectiva aula, ou um pintor ensinando como se pintam telas a óleo. Quais os conteúdos desta instrução (ou iniciação)? Será um saber fazer, uma destreza corporal, que o instrutor tenta passar ao aprendiz. No entanto, não vamos considerar a tarefa dos instrutores como sendo ensino. Pelo que já vimos anteriormente, no ensino os conteúdos são saberes teoréticos e temáticos, enquanto que na instrução são saberes-fazer (o savoir-faire dos franceses ou o know-how dos ingleses) e destrezas corporais. Assim, a grande diferença entre ambos é o tipo de conteúdo transmitido, o saber teorético versus o saber fazer. É a oposição entre a teoria e a prática. E onde se dá esta instrução? Ora bem, dá-se no ginásio, na oficina, no atelier de pintura, e por aí fora. Dá-se nos locais onde os conteúdos que são transmitidos são predominantemente práticos, são sobretudo competências corporais. E como se designam as figuras que participam nesta mesma atividade? Pode ser o instrutor, que instrui o seu aprendiz (tal como nas marcenarias existem os aprendizes de marceneiro, que aprendem com o instrutor), e pode ser o mestre, que instrui o seu discípulo (tal como o mestre de artes marciais instrui o seu discípulo na arte de combate).

stas três atividades (que, em princípio, já considera como sendo diferentes, algo que a início talvez não acontecesse), tal como apresentam diferenças nos conteúdos que são transmitidos, apresentam diferenças no modo como se faz a transmissão dos conteúdos e no modo de aprendizagem. Nas tarefas que podem ser designadas por ensino, o professor tem uma fala explicativa, expositiva e demonstrativa, para ensinar os saberes teoréticos aos alunos. Aliás, todos nós nos lembramos dos nossos professores que, no estrado em frente a toda a turma, explicam aos alunos como se deu a independência do Brasil, e que demonstram como se resolve uma equação do segundo grau. Por parte do aluno, o que ele faz (ou tenta fazer) é compreender, assimilar o que foi ensinado por parte do professor. Já na instrução, o mecanismo não funciona assim. O instrutor mostra como se faz determinada tarefa, fazendo-a ele próprio. Serve de pouco, de muito pouco, apenas dizer como se faz. É necessário que o instrutor dê o exemplo, que mostre como se faz. E aí o aprendiz, com muita atenção, observa o que o se instrutor faz, tentando em seguida imitar, repetir os gestos efectuados por este. É o que se passa, por exemplo, com o oleiro, que à medida que vai moldando um determinado pedaço de barro, tem ao lado o aprendiz, que vai tentando imitar o seu instrutor, fazendo os mesmos movimentos num outro pedaço de barro. E isto não se passa apenas com o oleiro, com o instrutor de karatê ou com o mestre da pintura: também nós somos instrutores, na medida em que instruímos os nossos filhos como escovar os dentes (atenção, não é porque se devem escovar os dentes, é como se devem escovar os dentes), como segurar o garfo e a faca à mesa, como amarrar os sapatos, e por aí fora. Estamos a transmitir uma aptidão corporal, uma destreza física. Se estas duas atividades ainda têm algumas semelhanças no que diz respeito ao modo de transmissão do conhecimento, já com a educação o processo difere significativamente. O modo de transmissão é bastante variado: tal como se pode educar através da fala normativa (do tipo "tu deves fazer isto, tu deves fazer aquilo", uma fala maioritariamente de dever), educa-se também através do exemplo que se dá (o que faz com que estejamos permanentemente a educar, mesmo sem estarmos a fazê-lo conscientemente). Educa-se também através de mecanismos de punição/recompensa: é frequente os pais virarem-se para os filhos, e dizerem-lhes "Se você se comportar bem, te dou um sorvete" ou "se você voltar a se comportar assim vai ficar de castigo". O próprio meio de aprendizagem, ligado com a educação, é significativamente diferente daqueles característicos do ensino e da instrução. Assim, quem está sendo educado está obedecendo àquilo que lhe é apresentado como modelo, está aceitando o modelo, está submetendo-se ao que lhe é apresentado. O processo de educação é essencialmente um processo de aceitação, de submissão por parte do educado.

té o próprio espaço temporal inerente a estas três actividades é diferente. O ensino é descontínuo (na medida em que não estamos sempre apredendo saberes teoréticos); a instrução tanto pode ser contínua como descontínua (na medida em que só aprendemos como escovar os dentes uma vez na vida, mas por vezes, ao longo da existência, vamos aprendendo outras competências corporais, que anteriormente não possuíamos). Já a educação é um processo contínuo, pelo que afirmei anteriormente: estamos permanentemente eduando e sendo educados, mesmo que não façamos nada para tal, o que é significativamente diferente do ensinar: não estamos sempre ensinando saberes teóricos.

ara finalizar, gostaria aqui de realçar que as fronteiras que dividem estas três atividades não são completamente estanques. Existem atividades que são elas próprias um misto de duas situações. Por exemplo, o "ensinar" a conduzir, que eu afirmei anteriormente que era instrução, também tem uma parte de ensino propriamente dita - o ensino do código da estrada, anterior à instrução da condução. Do mesmo modo, na escola não se está apenas a ensinar, está-se também a educar, na medida em que se incutem regras de comportamento social, e a instruir, com disciplinas como os Trabalhos Manuais ou a Educação Física, onde se transmitem destrezas corporais. E deparamo-nos agora com mais uma confusão do nosso quotidiano. Uma disciplina com o conteúdo da que é denominada por Educação Física, nunca deveria ter tal nome. Porque não se está educando o corpo nessas mesmas aulas; está-se, isso sim, instruindo o corpo,  transmitindo-lhe destrezas físicas (como se lança uma bola de basket, como se remata uma bola de futebol, como se faz o salto a distância, e por aí fora).

sta confusão reflete-se nas definições presentes no dicionário. Definem educar como "desenvolver as faculdades físicas, morais e intelectuais de". Ora bem, nós já vimos anteriormente que estas três atividades são diferentes. Quando estamos desenvolvendo as faculdades físicas de alguém, estamos a instruí-lo; quando estamos desenvolvendo as faculdades intelectuais de alguém, estamos a ensiná-lo. Só quando estamos desenvolvendo as capacidades morais de alguém é que estamos a educá-lo. Não se pode definir educar deste modo, uma vez que estas três atividades são diferentes (talvez não possamos dizer que são radicalmente diferentes, mas que existem diferenças entre elas é ponto mais importante). Tal como não é possível definir ensinar através das palavras instruir e educar, e muito menos doutrinar. Doutrinar significa transmitir, convencer alguém de uma posição política, religiosa ou filosófica. Como será possível afirmar que ensinar alguém é estar a doutriná-lo? Também não é possível dizer que a instrução é ensino - apesar de as atividades serem de fato semelhante, difere significativamente tanto o conteúdo daquilo que é transmitido, como os meio como são transmitidos e recebidos os conteúdos. 

Fonte: http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/jogo/index.htm

OBS.: Texto adaptado do Português de Portugal.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Notas baixas no boletim! E agora?


Se a chegada de um boletim com notas baixas não é fácil para você, ela é ainda pior para seu filho. Aprenda como agir para que isto não se repita no próximo bimestre.


O boletim do seu filho chegou. E tem nota vermelha na parada. Antes de ter uma síncope e sair esbravejando, pare para entender o motivo. Notas vermelhas, ou abaixo da média, nada mais são do que o resultado de um processo. Por isso, é importante, durante todo o bimestre, acompanhar o estudo das crianças em casa e marcar presença nas reuniões com professores. Além de evitar as notas baixas, isso lhe ajudará, também, a identificar onde (você e) seu filho podem melhorar para que o boletim do próximo bimestre não surpreenda mais ninguém!

E como entender o que deu errado? O primeiro passo é ouvir a justificativa de seu filho. "Geralmente, as crianças sabem direitinho onde falharam", diz Edson D’Addil, orientador educacional do Colégio Vértice, em São Paulo. Em seguida, é indispensável procurar as pessoas que o acompanham no ambiente escolar: a professora, a orientadora pedagógica ou a coordenadora da série dele para ver se ele não está passando por mudanças ou dificuldades no ambiente escolar. "Um boletim cheio de notas baixas pode não significar, necessariamente, descaso do aluno", analisa Maria Angélica Durães Mendes de Almeida, diretora e coordenadora pedagógica do Colégio Hugo Sarmento.

Por último, é preciso mudar algumas atitudes em casa, para estimular seu filho a superar as dificuldades que ele encontrou. Por exemplo, se ele sempre foi um bom aluno e as notas baixaram repentinamente em várias matérias, é possível que sua autoestima esteja abalada ou que ele esteja passando por conflitos no ambiente escolar, com os colegas. Aí, é importante manter em casa um diálogo mais aberto e livre de julgamentos.

Agora, se ele for indiferente apenas a uma matéria ou outra, procure um reforço escolar ou aulas particulares. Quando o problema é pontual, fica muito mais fácil resolver. Além disso, você também terá de fiscalizar os estudos de seu filho e conferir se as tarefas de casa realmente estão sendo feitas. "A questão é saber organizar o tempo e priorizar os estudos, mas sem tirar o tempo de lazer da criança", aponta Marta Campos, coordenadora do Ensino Fundamental e Médio da Escola Viva.

Mais uma coisa você precisa ter em mente: a nota baixa é uma bomba também para o seu filho. "Ela mexe com a autoestima da criança, pois desestimula e mostra fracasso", pontua a coordenadora de departamento de orientação educacional do colégio Bandeirantes, Vela Malato. E, cá entre nós, ninguém gosta de se sentir assim. 

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A VEZ DO TABLET EDUCACIONAL

A promessa era estimulante: “Um notebook por aluno ao custo de US$ 100”. A ideia, recebida num primeiro momento com entusiasmo pelo governo brasileiro, foi sugerida em 2005 por Nicholas Negroponte, um dos principias incentivadores do uso da tecnologia na educação.
No entanto, apesar do caráter revolucionário da proposta, ela não foi promissora. Fabricantes não conseguiram oferecer equipamentos com esse custo e o projeto simplesmente não decolou no país. Porém, com o recente sucesso dos tablets, o sonho de introduzir interatividade digital em massa na vida dos alunos parece ter ganhado um novo fôlego.
Em agosto deste ano, o governo convocou uma audiência pública para ouvir especialistas do mercado sobre os prós e os contras do uso desse tipo de dispositivo por professores e alunos. E o primeiro ponto positivo está, justamente, onde o notebook deixou a desejar. Se com os computadores portáteis o preço foi tido como um dos principais entraves para a adoção em escolas, as pranchetas digitais contam com o benefício da Medida Provisória 534/2011, que prevê isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para dispositivos fabricados no Brasil.
“O processo educacional mudou e hoje aquela velha fórmula centrada apenas no professor está defasada. Os tablets permitem que os alunos possam participar ainda mais do processo educativo, seja de maneira colaborativa, trabalhando em equipes, ou tendo acesso e interagindo com novos conteúdos”, disse o presidente da Intel Brasil, Fernando Martins.
 Para estimular a produção desses equipamentos no país, a principal fabricante de chips do mundo apresentou ao mercado o primeiro tablet desenvolvido especificamente para ser usado em sala de aula. Na verdade, trata-se de um protótipo que visa mostrar todas as possibilidades que esse tipo de dispositivo oferece para alunos e professores. “Nossa intenção é estimular os fabricantes, sejam eles nacionais ou multinacionais, a desenvolver modelos para esse tipo de uso”, explicou Martins.
Recursos - O produto faz parte da linha Intel Learning Series — que já conta com notebooks Classmate — e foi confeccionado para suportar impactos e quedas, além de resistir ao contato com a água. Equipado com um processador Atom 1GHz, ele pesa 550 gramas e vem com uma tela touchscreen de sete polegadas (1024 x 600px). Além disso, conta com câmeras frontal e traseira e recursos como 3G, wi-fi, Bluetooth e portas USB e SD. De acordo com o gerente de educação da Intel, Fábio Tagnin, a companhia já negocia com empresas locais a produção do aparelho no Brasil. “Ainda não podemos citar quem são os envolvidos, mas acreditamos que o tablet esteja disponível até o fim do ano, e um outro modelo, de 10 polegadas, deve chegar em 2012”, afirmou.O governo federal vem investindo na aquisição de conteúdos digitais pedagógicos e se prepara, agora, para adquirir equipamentos para serem distribuídos em escolas públicas. “Neste ano, o Ministério da Educação deve publicar o edital para a aquisição de tablets produzidos localmente, desonerado de impostos e com aval do Ministério da Fazenda. A ordem de grandeza do MEC é de centenas de milhares”, afirmou recentemente o ministro da pasta, Fernando Haddad, sem precisar a quantidade exata de produtos que serão adquiridos para as escolas.
Tablets made in Brazil - Sancionada no último mês, a medida, conhecida como MP dos Tablets, prevê reduzir a zero as alíquotas de PIS/Pasep e Cofins incidentes sobre tablets produzidos localmente. Com a isenção, o mercado estima que os preços desses equipamentos tenham uma redução de até 30% para o consumidor final. Segundo o Ministério da Ciência e Tecnologia, 25 empresas já solicitaram ao governo a concessão do processo produtivo básico.


 FONTE: http://www.abrelivros.org.br/abrelivros/01/index.php?option=com_content&view=article&id=4655:a-vez-do-tablet-educacional&catid=1:noticias&Itemid=2

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Projeto otaciliense ganha destaque no 1° Fórum Sul de Educação da Vida

Projeto otaciliense ganha destaque no 1° Fórum Sul de Educação da Vida
No evento, foi apresentado o projeto: A escola ideal é você quem faz, de autoria da professora Andressa, sob orientação da professora de projetos do CEEV, Tânia Santos.
Colaborar com o currículo escolar, buscando criar com os alunos o equilíbrio e a positividade necessária dentro da escola, estes são os principais objetivos do Ciclo de Estudos da Educação da Vida - CEEV, que vem realizando encontros com professores, para que eles consigam passar tudo isto para os estudantes.

O Ciclo iniciou este ano e contou com a colaboração da Secretaria Municipal de Educação desde o início. Segundo a Gerente de Educação, Rosangela Maria Baldessar, investir em melhorias para os alunos é fundamental, “conhecemos o trabalho, vimos sua qualidade e estamos investindo desde então”, explica.

A atividade tem dado tão certo que já está virando referência estadual. Nos dias 10 e 11, as professoras municipais, coordenadoras do grupo, Andressa Alano Alves e Lezy Assink, acompanhadas de Rosangela, foram até Florianópolis – Praia Brava, participar do 1° Fórum Sul de Educação da Vida.

O evento tem por objetivo avaliar os projetos que vem sendo desenvolvidos nas instituições de ensino, bem como ser uma prévia do I Congresso da Educação da Vida. Em toda região serrana, somente Otacílio Costa tem a realização de estudo como este.

No evento, foi apresentado o projeto: A escola ideal é você quem faz, de autoria da professora Andressa, sob orientação da professora de projetos do CEEV, Tânia Santos. Segundo Andressa, o projeto está tendo excelente êxito, sendo desenvolvido por professoras da Escola Pedro Álvares Cabral, se estendendo as demais escolas municipais que possuem representação no grupo de estudos.

“Para conseguirmos nosso objetivo primeiro temos que trabalhar o profissional, temos 27 professores matriculados no ciclo que tem duração de três anos, sendo oito encontros ao ano com profissionais da área”, conclui a professora.



terça-feira, 23 de agosto de 2011

Desafios do Professor


Por: Professora Tânia Aparecida dos Santos
E.E.B Marechal Rondon

 Os professores hoje devem extrair toda informação ou experiência que poderá ajudar a ampliar o conhecimento. Assim poderá confirmar o que sabe, ajudar a entender determinadas visões de mundo e incorporar novos pontos de vista. Um dos maiores desafios do professor é ajudar a tornar a informação significativa, escolher o que  verdadeiramente é  importante entre as tantas possibilidades, e compreendê-las de forma cada vez mais abrangente e profunda e a torná-las parte do nosso referencial. Buscar novos conhecimentos são grandes desafios, pois o dia-a-dia das salas de aula tem exigido um novo aprender. Assim sendo novas oportunidades de aprendizagens são importantes, pois nos levam a refletir sobre nossa prática pedagógica. Diante de diversos saberes, os educadores acabam participando ativamente na formação dos educandos, e por conseqüência, a educação com certeza será melhor. Os Congressos Educacionais ganham brilhantes espaços sendo uma das formas de contribuir para a inovação da  educação. O grande destaque são os palestrantes que participarão do Congresso, todos com vasto conhecimento em educação. Experiências que comprovadamente foram ovacionados e fizeram à diferença na vida de muitos alunos. Através das leituras de livros e artigos sobre a experiência em educação popular de Paulo Freire, e acreditando que todos aprendem é que me aproximei dos autores; Miguel Gonzáles Arroyo por defender uma educação de qualidade em todas as classes sociais e José Francisco de Almeida Pacheco, pela experiência da Escola da Ponte, onde professores e alunos ensinam e aprendem entre si. Ambos referenciados na dissertação de mestrado, hoje grandes responsáveis  por novos conhecimentos e por acreditar que  a escola dos sonhos será possível, e nós educadores estaremos oportunizando uma educação de qualidade a partir de um novo olhar pedagógico. Sabedores que somos que o educador deve sofrer profundas mudanças, não ensinamos hoje como ensinávamos  a 10 ou 15 anos atrás o professor deixou de ser um transmissor de saberes, passando a ser um facilitador da aprendizagem. Assim sendo termino com uma das falas de Pacheco pela qual acredito e comungo  dessa convicção.
“Apesar de algumas decepções, mantenho elevadas expectativas e alimento a esperança, o Brasil não precisa importar modas pedagógicas. Tem cá dentro tudo o que precisa”